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sábado, 19 de julho de 2014

sábado, 19 de julho de 2014
O seu maior erro foi achar que eu estaria aqui sempre. Independente de qualquer falha sua. E apesar de eu ter esse meu jeito “faço de tudo pra te entender porque te deixar seria mais difícil”, dessa vez você forçou a barra e me exigiu compreensão demais. Eu não sou um poço de paciência e muito menos tenho tolerância alta, mas por você eu sempre exigi mais de mim mesmo. Nunca quis que você mudasse pra me agradar um pouco mais, ou pra nos fazer encaixar, um pouco mais. Eu sempre achei que se a mudança fosse em mim tudo seria mais fácil. E enquanto você errava por aí com a certeza de que eu colocaria a culpa em mim mesmo, eu acertava por aqui com a certeza de que você seguiria o exemplo. Mas viver de incertezas é matar a si mesmo um pouco a cada dia. E foi por isso que pela primeira vez na vida eu te matei dentro de mim Will. Eu percebi que nada faria você mudar o seu jeito de pensar sobre mim, percebi que te matar aqui dentro seria viver mais para mim, percebi que apesar dos seus erros e falhas eu te amei muito, e ainda amo, percebi que existem poucas coisas melhores do que fechar a porta na cara de quem sempre te fazia deixar aberta, percebi que adiar a dor é a mesma coisa que se aproximar cada dia mais da morte e que todo o mal deve ser cortado pela raiz. E eu te cortei pela raiz, fechei a porta na sua cara e não te dei satisfações. Você já era a própria satisfação, você estava mergulhado nela. E quando você menos percebeu, os seus erros deixaram de ser problema meu e pesaram somente em você, que veio pedir ajuda pra quem estava acostumado com o peso, mas quando chegou encontrou a porta fechada. Você quebrou a cara. Eu te fiz quebrar a cara. E depois de muito tempo quebrando a cara você percebeu que eu sou o tipo de pessoa que quando corta o mal pela raiz, te faz lembrar o quanto você era feliz com suas raízes em mim. Percebe que perceber tarde demais foi um dos seus maiores erros. E junto com tudo isso, percebe que não há mal que muitos anos dure e nem bem que a eles ature.
— Cartas para Willian Zanatta.

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