Pages

sábado, 19 de julho de 2014

sábado, 19 de julho de 2014
Ainda que triste, eu já não mais me reconhecia entre as desavenças e as complicações da vida. Meu corpo afugentava-se no meio da bagunça, meus olhos afogavam-se no mar das ilusões, a felicidade já não andara mais ao meu lado. De vez em quando, ela visitava-me duas vezes por semana. Ás vezes, uma. Esperei naquela mesa coberta pelas bitucas de cigarro onde permanecia o meu coquetel de remédios. Permanecia com olhos vagos como se estivesse lendo uma anedota ou, um jornal antigo, era extasiado pelo tic-tac, tic-tac inoportuno do relógio no alto da parede, esperando-a chegar. Sorrateiramente, encostadinho à parede, vi então, uma coisa maravilhosa entrar. Quando chegou, viu a súplica dos e a melancolia dos meus olhos que eram mais intensas e puramente voluntárias. Sentado á frente, vi-os alongando-se para ele, cheio de contrição, de desamparo; e a boca ia dizendo coisas soltas Os cadáveres eram sepultados nas igrejas – Hoje, eles são sepultados em matas, terrenos pecaminosos de terra seca e com pouca folhagem – E a conversação era de defuntos –, e as palavras lacrimosas e trêmulas intensificavam a dor, e a falta de lirismo. O tempo ia passando, a alucinação crescia, porque a felicidade acelerava e multiplicava-se a si mesma e parecia uma infinidade dela. De repente, combinávamos de passear pelas alamedas, sentindo a poluição, vomitando o lirismo, gargalhando da realidade que me daria coisa mais confortante que um diálogo de mortos. Eu só pedira por uma pessoa que me salvasse e que, intercedesse por mim, pela minha vida.
— Bruno Grey. (

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Descobrindo as palavras © 2014